quinta-feira, 6 de maio de 2010

Entrevista - Mídias Sociais: a vez e a voz de todos

Não há como fugir, as mídias sociais estão aí, crescendo e ganhando novos adeptos. Para esclarecer nossas dúvidas e até instigar ainda mais nossa curiosidade, conversamos com a jornalista Maitê Lemos.

Ela tem 32 anos, é formada em jornalismo, além de ter cursado um semestre de turismo, seis de publicidade e cinco de direito. Fez especialização em jornalismo de moda e iniciou um MBA em jornalismo digital.  "Apesar de todos os cursos, minha vida profissional começou a deslanchar mesmo agora, no último ano. Até este momento, o que eu mais fiz sou ser mãe. Também já publiquei dois livros, plantei uma árvore e tive uma filha", diz Maitê Lemos, nossa entrevistada.
Em seu currículo profissional, ela coleciona freelas muito interessantes, como produção de conteúdo para o blog do Magazine Luiza. No curto tempo que trabalhou em São Paulo, na Remix Social Ideas, participou de campanhas para marcas como Red Bull, Oi, Antarctica e Havaianas.
Também já fez assessoria de imprensa na área política, escreveu para revistas de decoração e negócios, além de ter o próprio blog, o Penso em Tudo, o qual considera seu portfolio.

Entrevistas & Entrelinhas: O termo mídia social, de modo simples, diz respeito ao uso do meio eletrônico para a interação entre pessoas. Certo? Hoje, porém, este meio está se tornando um solo fértil para outros interesses para outros interesses. Fala sobre isso.
Maitê Lemos: Vivemos um momento onde as pessoas não aceitam mais observar o mundo de camarote. Queremos participar.
As mídias sociais representam a oportunidade de sermos ouvidos, de termos nossos desejos conhecidos, de exigirmos nosso espaço.
Isto tem se tornado uma força importante na mão de um grupo que não pára de crescer.
Não é um fenômeno novo. O ser humano sempre quis ter voz e participar dos processos que o cercam. A diferença é que antes isso ocorria apenas nos círculos próximos e, agora, a tecnologia nos permite aumentar o volume a ponto de não podermos mais ser ignorados.
As empresas não têm mais como fugir deste comportamento do consumidor, por isso, e só por isso, começam a investir em mídias sociais.

E&E: Como surgiu o seu interesse sobre as mídias sociais?
ML: O meu interesse nessa área surgiu a partir do Penso em Tudo.
Através do blog, descobri um universo novo de profissionais que começaram a agir de um mondo completamente diferente da mídia tradicional, com a qual nunca consegui me identificar muito.
Logo que entrei neste universo, tive a oportunidade de participar de minha primeira Campus Party, que a maior feira de tecnologia do mundo.
Confesso que fiquei completamente perdida, porque, ao contrário de muitos que se dedicam às novas mídias, eu nunca fui uma Geek. Não gosto de Star Wars, não tenho paciência para assistir um episódio inteiro de The Big Bang Theory, não sou fã de gibis e, até bem pouco tempo atrás, não entendia patavinas de tecnologia.
Mas, apesar de não ter o perfil descrito acima e que, em princípio, se adequa melhor à profissão, eu descobri que as mídias sociais eram a minha praia porque, acima de qualquer tecnologia, o que prevalece é a comunicação entre as pessoas, e como esta interfere nos relacionamentos.

E&E:  Como você vê o futuro da mídias sociais?
ML: Ainda é muito complicado falar sobre isso na nossa região. 
O assunto ainda é muito novo por aqui, mas apesar de que, para muitos, parece um futuro distante, eu acredito que em pouco tempo estaremos todos envolvidos por ações de mídias sociais. Não tem para onde fugir.
Pode até demorar um pouco mais para chegar aqui, como em todos os cantos que não sejam grandes centros, mas não tem com desaparecer. 
Vai chegar.
E&E:Destaque as principais mídias usadas nos dias de hoje e seus pontos fortes.
ML: Acho que no Brasil a principal mídia é o Orkut.
Apesar do Twitter ser a bola da vez, o Orkut permanece reinando absoluto em todo o país.
O interessante é que, mesmo com todas as pesquisas que indicam o site como o mais acessado pelos brasileiros, muitos profissionais de comunicação teimam em discriminar o Orkut por considerá-lo popular demais. Como se este não fosse exatamente o objetivo.
O Facebook vem se popularizando e pode ser muito bem explorado pelas marcas. 
O Fomspring, site onde as pessoas fazem perguntas aos usuários, é um canal interessante quando usado de maneira correta. Acho que pode ser muito bem explorado nas eleições de 2010.
Outros, como Forsquare e Chatroulette são muito novos ainda e não sabemos exatamente como explorar seu potencial comercial.
Pessoalmente, acredito que toda essa parafernália só tem sentido se traz algum benefício para o usuário.
Os modismos passam, e apenas aquilo que de fato nos serve permanece em uso.
E&E: No seu modo de ver, as mídias sociais podem ser vista como um novo filão no mercado de trabalho?
ML: Sem dúvida.
É um novo mercado que se abre e exige adaptação dos profissionais habituados às mídias tradicionais.

E&E: Destaque as vantagens e desvantagens de uma empresa que adere às mídias sociais?
ML: A principal vantagem é se fazer presente na vida do consumidor.
Através do relacionamento gerado nas mídias sociais, empresas deixam de ser distantes e passam a interagir com os usuários das redes.
Isso tem um efeito positivo dificilmente alcançado em qualquer outra mídia.
A desvantagem é que aquele posicionamento antigo, unilateral, não cola nas mídias sociais.
Se a empresa não estiver preparada para ouvir o consumidor e respeitar suas vontades e necessidades, é melhor nem dar espaço para que ele fale.
Uma das coisas que mais irrita é falar para o vazio. Pior do que não poder falar, é falar e não ser respondido.
O efeito da má administração das mídias sociais é devastador.

E&E: Você considera que estamos preparados para as mídias sociais?
ML: Ainda não.
Por sorte, nem nós, nem ninguém.
Estamos todos aprendendo juntos. Dando cabeçada ainda.
Mesmo os grandes profissionais desta área são pessoas que estão desbravando e aprendendo através da experiência própria.
Isto gera muitos equívocos e alterações de rota.
Somos todos cientistas descobrindo uma nova forma de relacionamento.

E&E: Outro dia li em seu site que sua filha já está blogando também. Como é isso, filha de peixe, peixinha é? E como a mãe se sente?
ML: Infelizmente, não é bem assim.
Ela participa de um blog muito interessante. O Ver para Crescer tem conteúdo produzido por crianças e orientado por uma jornalista e uma educadora.
Mas ela não se liga muito no negócio. Entrou mais por uma iniciativa minha, e a primeira coisa que disse, quando eu apresentei a proposta do blog, foi que quando não iria ser blogueira.
Aí entra aquela velha armadilha sobre como os pais projetam nos filhos suas ambições.
Eu lamento por ter começado a blogar tarde, com 30 anos.
Acho maravilhoso que minha filha tenha a oportunidade de iniciar bem cedo, mas tenho que respeitar seus próprios desejos.
Ainda assim, estimulo bastante a atividade porque, além de interagir com outras crianças, o blog favorece que ela desenvolva sua própria expressão, auxilia no relacionamento e na produção de textos, o que favorece o aprendizado da Língua Portuguesa.
Também é muito importante para que se aprenda a pesquisar.
Como dizemos hoje, "não pergunte, Google".

E&E: Obrigada pela entrevista, pela disponibilidade e, para encerrar, o que você diria para quem está começando nas mídias sociais?
ML: Quero muito agradecer a oportunidade de conversar contigo e com teus leitores. 
Para quem está começando, é importante ressaltar que, para aqueles que têm ambições profissionais nesta área, apesar de o número estar crescendo, ainda são poucos os que conseguem ganhar dinheiro diretamente através dos blogs.
Eu, por exemplo, nunca ganhei. No entanto, o Penso em Tudo já me abriu várias portas. É meu portifólio, aonde as pessoas chegam até mim e conhecem meu trabalho.
Além disso, é um espaço de encontro onde conhecemos pessoas incríveis, com as quais jamais teríamos a oportunidade de conversar, e reencontramos pessoas que compartilham opiniões conosco sem que jamais tenhamos desconfiado.

2 comentários:

  1. nossa! cultura! conhecimento e linguagem simples e fácil de entender. amei a entrevista! e realmente devo confessar que já ingressei em algumas mídias sociais e depois deixei de postar, pois o orkut ainda é muito forte na mídia! meus pais tem orkut, meus tios tem orkut, enfim, é o mais acessível por enquanto, com certeza!

    muito boa entrevista, em frente...

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  2. Adorei Ju!!! Muito boa a entrevista, ótima para todos: pais, eduadores e curiosos. Parabéns!

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